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A mostrar mensagens de 2019

A "Marcha dos Voluntários" (义勇军进行曲 yìyǒngjūn jìnxíngqǔ)

Ontem, o mundo celebrava uma das formas de arte mais belas e presentes na nossa vida – a música. E, também ontem, a China celebrava os 70 anos da sua formação enquanto república comunista, anunciada, na época, por Mao Zedong, na Porta da Paz Celestial (Tiananmen). À primeira vista, estes dois acontecimentos não têm qualquer tipo de relação entre eles; todavia, se pensarmos bem, a celebração da formação de um novo estado vem sempre acompanhada de música, de uma canção que exprime o desejo de uma nação forte e vencedora, que luta até às últimas consequências na defesa da sua integridade e soberania. É dessa canção que te quero falar hoje – a “Marcha dos Voluntários”, hino nacional chinês. O hino nacional da República Popular da China foi composto por Nie Er em 1935, tendo sido, na altura, produzido para o filme “Os Filhos da Tempestade”, de cariz patriótico, tema muito em voga na época (a China estaria a ser invadida pelo Japão). Após o lançamento do filme, esta canção tornou-se basta...

Os nomes chineses

Uma das formas de assinatura do nome em obras de caligrafia ou pintura chinesa é o uso de carimbos. Provavelmente, já terás visto ou ouvido nomes chineses nos meios de comunicação social e pensado "Como é que eles decidem os nomes? Qual dos carateres é o nome próprio e qual o apelido?" Para te ajudar a compreender melhor este assunto, vou falar de alguns aspetos envolvidos na formação do nome chinês. 1. Apelido Na China e noutros países asiáticos, como o Japão e a Coreia, a família ocupa um lugar de destaque na vida dos seus povos, fruto da tradição confucionista. Por isso, o apelido vem sempre em primeiro lugar e deve ser usado quando queremos comunicar com alguém (exceto em situações de grande familiaridade). Por exemplo, no nome Wang Jiaming, Wang é o apelido e Jiaming é o nome próprio. Se por acaso precisasses de falar com esta pessoa, tratá-la-ias como Senhor Wang e não como Senhor Jiaming. Caso penses em seguir ou já segues a carreira jornalística, este é u...

Tabus - o que não fazer no contacto com chineses

O povo chinês é, na generalidade, bastante supersticioso, dando bastante importância a sons, símbolos e objetos que se possam relacionar e/ou influenciar a sua vida. Por isso, durante o contacto com ele, é importante teres em atenção situações que lhes possam causar algum embaraço e os façam sentir desconfortáveis. Para tal, vou dar-te alguns exemplos de tabus: Números O 4 é um número a evitar pelos chineses. Isto porque a sua pronúncia, sì, é semelhante à da palavra "morte" - sǐ. Se tiveres oportunidade de visitar a China, tenta reparar na numeração dos elevadores - provavelmente, não encontrarás o 4º andar! Por outro lado, o 8 é um número extremamente popular, pois a sua pronúncia (八 bā) é parecida com a do carater 发 (fā), o qual, entre outros, significa "enriquecer". Por isso, se por acaso quiseres fazer negócios na China, seria boa ideia marcares reuniões para os dias 8. Presentes envenenados... Não ofereças peras nem guarda-chuvas, pois a fonética...

5 conceitos que tornam o povo chinês único

Antes de entrar para a universidade e de sequer pensar em estudar Línguas e Culturas Orientais, a ideia que tinha em relação aos chineses não era muito diferente da de todos aqueles não familiarizados com este povo. Os chineses eram sempre aquelas pessoas que me olhavam desconfiados quando eu entrava nas suas lojas - e eu sem saber porquê -, que trabalhavam árdua e incansavelmente e que quase nunca dirigiam a palavra a um não-chinês.  Ao longo de 5 anos (licenciatura e mestrado) a emergir na cultura chinesa, fui aprendendo não só a língua, mas também inúmeros aspetos da cultura, costumes e tradições que me permitiram perceber melhor o porquê de os chineses agirem, pensarem e sentirem de uma forma que a nós nos parece tão peculiar. Agora, já culturalmente mais consciente, e para te ajudar a compreender melhor este povo, é a minha vez de te falar em cinco das suas características mais importantes. É claro que, tal como nós, cada chinês tem a sua própria personalidade e visão do mu...

Gaokao (高考): alguns factos

Junho é sempre um mês de grande ansiedade para os alunos do 9º, 11º e 12º anos, visto ser este o mês da época de exames nacionais, os quais, principalmente nos dois últimos anos do ensino secundário, têm grande influência sobre aquilo que pretendemos seguir no futuro.  Se vais ter exames nacionais este ano, provavelmente deves passar os teus dias em explicações e aulas de apoio, a ler resumos e a resolver montes de exames dos anos passados... Desgastante, não é? Eu sei, já por aí passei. Mas não desanimes: olha que os estudantes chineses em vias de entrar para a universidade encontram-se em situação pior que tu - para eles, junho é o mês do temível gaokao, o exame de admissão ao ensino superior. Para que consigas perceber a importância que este exame tem na vida dos jovens chineses, deixo-te aqui alguns factos: Este exame é realizado em dois dias - normalmente começa no dia 7 de junho -, durando aproximadamente nove horas; Engloba 4 disciplinas: três obrigatórias (Chinês, Matem...

O Festival dos Barcos de Dragão (端午节 duānwǔ jié)

No quinto dia do quinto mês lunar - este ano hoje, 7 de junho -, os chineses celebram mais uma das suas festividades populares, o Festival dos Barcos de Dragão ou Festival Duanwu (端午节 duānwǔ jié ). Esta festividade tem uma origem bastante curiosa. Qu Yuan (屈原 qū yuán , 340-278 a. C.), famoso poeta do reino de Chu (situado na atual província de Hubei) e ministro do mesmo, vivia no exílio por ser contra a política do seu rei de se render ao reino de Qin do Norte. Ora, quando Qu soube que o seu reino havia sido invadido pelo reino de Qin, suicidou-se, atirando-se ao rio Miluo. Os habitantes locais, a fim de fazer com que os peixes não comessem o seu corpo, fizeram bolinhos de arroz envoltos em folhas de bambu - - zongzi 粽子 - e atiraram-nos ao rio. Desde então, passou a ser tradição o consumo destes bolinhos com diferentes recheios nesta festividade. Para além dos zongzi , é costume realizar-se corridas de barcos de dragão, também elas usadas, segundo a crença, para tentar en...

O (não tão) misterioso mundo dos carateres

"Tu consegues fazer aqueles rabiscos?" "Mas tu sabes mesmo ler aqueles desenhos?" "Como é que é possível decorar esses carateres todos? Nunca mais deves sair do sítio!" As primeiras questões que as pessoas me colocam quando digo que estudo Chinês têm quase sempre a ver com os carateres. A escrita chinesa ainda é, para muitos, algo exótico, indecifrável e impossível de aprender. Porquê? Em primeiro lugar, porque os carateres não dão pista nenhuma sobre a forma como devem ser lidos (a menos que já se tenha algum conhecimento da língua). Segundo, a ideia de impossibilidade da aprendizagem dos carateres tem a ver com o facto de haver milhares deles, com significados próprios, e cada um deles ser constituído por uma série de traços, o que causa alguma confusão. Mas e se eu te disser que escrever (e não desenhar) os carateres é a parte mais fácil quando se está a aprender Mandarim? Provavelmente não acreditas, mas, para te tentar convencer de que is...